sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Maioria no Sudeste desconhece 200 anos da Independência.

População diz que agenda econômica vai mobilizar atenção e coloca Copa do Mundo em segundo plano em 2022

Manu Vergamini

Natureza é o que melhor define o país, seguida pelo seu povo e pela dimensão continental do território, segundo pesquisa do Observatório FEBRABAN. A fé é considerada a característica mais positiva dos brasileiros

Às vésperas do aniversário de 200 anos da Independência de Portugal, 60% dos brasileiros que vivem na região Sudeste não sabem dessa comemoração. Mas, depois de tomarem conhecimento desse evento, 50% declaram que o Brasil tem o que comemorar.

Nessa perspectiva histórica, os fatos mais lembrados pela população do Sudeste em 500 anos são a abolição da escravidão (51%) e a própria Independência do Brasil (31%), seguida pela redemocratização, iniciada em 1985 (17%).

Quando perguntados sobre qual o melhor símbolo para traduzir o Brasil, a natureza é tida como a definição mais precisa do país para 55%, seguida pelo seu povo (37%), futebol (27%) e a dimensão continental do território (25%).

A fé (53%), seguida da criatividade (37%), são as características que melhor definem os brasileiros, segundo os entrevistados dos estados do Sudeste,

Mais da metade dos entrevistados (53%) se diz satisfeita com a vida no país, particularmente ao ver a si e sua família com boa saúde após a grave e longa crise sanitária. O número de pessoas que acredita em tempos melhores para o país em longo prazo (56%) supera os que acham que o Brasil estará pior daqui a 10 anos (18%).

Para 54% dos entrevistados, a saúde ainda é o maior desafio a ser enfrentado após o controle da pandemia. A fome e a pobreza foram citadas por 37% das pessoas ouvidas na pesquisa, enquanto a educação foi lembrada por 35% dos entrevistados.

Essas são algumas das revelações da 9ª edição do OBSERVATÓRIO FEBRABAN -- Pesquisa FEBRABAN-IPESPE, que buscou investigar as percepções e expectativas para 2022 e os 200 anos da Independência política brasileira. O levantamento, realizado entre os dias 19 a 27 de novembro, com 3 mil pessoas nas cinco regiões do país, mostra que o brasileiro está resiliente frente às dificuldades impostas pela crise atual, mas cauteloso sobre o futuro próximo

Agenda econômica em primeiro lugar

Em 2022, a opinião pública da região sudeste deverá ser mais mobilizada pela agenda econômica, incluindo o desemprego e a inflação, que receberam 47% de menções, superando a lembrança das eleições (39%). A fome, a pobreza e a desigualdade tiveram a lembrança de 38% das pessoas. O controle da pandemia do coronavírus (26%) e a Copa do Mundo (19%) também foram destacados.

“Ao mesmo tempo que mostra a população preocupada com seu cotidiano, a pesquisa revela que o brasileiro tem esperança no futuro e espera, para os próximos anos, um país mais justo e com menos desigualdade social e, em segundo lugar, deseja um país sem corrupção”, diz Isaac Sidney, presidente da FEBRABAN. “A pesquisa comprova também que o brasileiro gosta de ser brasileiro e que a melhoria nas condições de saúde, seja pública seja da família, é motivo de grande satisfação”.

O sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE, destaca ainda que, olhando adiante, boa parte dos entrevistados acredita que muitos dos hábitos que foram adquiridos ao longo da pandemia devem ser mantidos e até ampliados. “Nessa relação está o trabalho remoto, as compras online e a maior presença junto à família, além do uso de serviços de streaming para filmes e música, e a comunicação através de redes sociais e chamadas de vídeo”, diz Lavareda.

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